segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Materialismo Histórico

Antes de tratar do materialismo histórico, com base na aula do dia 19 de novembro, vamos revisar as demais correntes estudadas até então, de forma resumida:
Estruturalismo preocupa-se com a estrutura da língua, com seu caráter descritivo.Analisando o enunciado Os menino, temos: os como determinante e menino como nome, constituindo o sintagma nominal. Para essa abordagem não há a preocupação em questionar a não aplicação do plural no último termo do sintagma, apenas descrever como a língua esta para o falante.
O gerativismo, diferente do estruturalismo, leva em consideraçã não só a descrição,mas as regularidades da língua.Então no mesmo enunciado Os menino, temos também, os como determinante e menino como nome. Porém existe a preocupação em explicar que esta forma de utilização é recorrente.
Ambas correntes têm preocupação apenas com o lingüístico.
Em comparação com estas duas correntes, temos o materialismo histórico, que tem como base determinações históricas, sociais de um ponto de vista semântico.
No nível semântico existe uma ordem do enunciável, ou seja, nem tudo pode ser dito, o dizer está autorizado apenas a sujeitos inscritos social e historicamente, em lugares de poder. Esse poder faz referência à posição ocupada pelo sujeito, em um determinado momento da história. Sendo desta forma, para citar como exemplo, só um padre pode falar do lugar de um padre, para que seu discurso tenha credibilidade.
Descrever e interpretar o discurso é o trabalho dos materialistas, avaliando as condições de produção deste discurso no interior da história, e levando em consideração o sujeito que o enuncia.
Um dos principais autores que se debruçaram sobre o materialismo foi Mikail Bakhtin,em seu livro Marxismo e Filosofia da Linguagem de 1960.
Neste momento temos duas orientações que se caracterizam pelo materialismo da época: objetivismo abstrato e o objetivismo idealista,sendo o primeiro marcado por Saussure e o segundo por Vossler. Bakhtin faz críticas as orientações apresentadas.
A primeira crítica, a Ferdinand Saussure, diz respeito ao fato de tratar a língua como sistema. Não levando em consideração que a mesma se sustenta na relação com o social com o histórico. A segunda é dirigida a Vossler,uma vez que de acordo com Bakhtin, nos constituímos por meio da interação com o outro,o que não é apresentado por Vossler. De acordo com Mikail Bakhtin, é pela linguagem que o sujeito se constitui. Essa constituição e marcada históricamente.
Em um de seus livros, Problemas da Poética de Dostoiévski, Bakhtin a partir de estudos feitos sobre a obra de Dostoievski,conceitua o termo polifonia,para designar as muitas vozes no discurso. Esse termo passa a ser usado na Análise do Discurso,disciplina criada por Michel Pêcheux,para trata das diferentes vozes vindas de diferentes discursos.
Em meio a este contexto cabe explicar como surge o materialismo histórico. Este surge com a análise de Karl Marx da sociedade capitalista, que se desenvolvia com bases industriais. Por meio destas bases, Marx observa a distinção de duas classes especificas: a dos proletários e dos patrões. Temos então o fator social envolvido, uma vez que, o proletariado não permanece com o produto de seu trabalho, nem tão pouco com os lucros,que permanencem com os donos do meio de produção. Em fase desse processo, surge o materialismo histórico.
Sendo desta forma, o materialismo tem suas raízes na interação social, no que é exterior.

Materialismo Histórico da língua: Análise do Discurso de Orientação Francesa

A análise do discurso surge a partir de uma interdisciplinaridade entre três regiões do conhecimento: marxismo (althusseriano), psicanálise (lacaniana) e estruturalismo lingüístico (saussuriano). Questionando cada um desses campos de conhecimento, expondo seus pontos mais frágeis. Desta forma trás as exclusões de Saussure à luz do conhecimento na Análise discursiva, desta forma temos: o referente (construído no e pelo discurso) e a História (por meio de suas lutas de classe) e o sujeito. Temos dentro deste conceito geral da Análise do Discurso diferentes formas de pensar a materialidade
Histórica, são elas: Materialismo Pecheuxtiano, Foucaltiano, Bakhtinianos e o de Norman Fairclougl. Vejamos de forma resumida cada análise.
Análise pecheuxtiana: consiste na idéia do discurso ser determinado pela história, tendo a linguagem relação com a historia;
Para Foucault, pensar o discurso com as condições que possibilitam este discurso, em suas condições e possibilidades de erupção, em seu status de verdade;
Em Bakhtin,pensar a linguagem enquanto produto de um sujeito interlocutor. Este sujeito não precisa ser necessariamente outra pessoa, mas a ideologia, a história. Sendo a linguagem uma interação entre “eu” e o “outro”;
A análise de Norman é uma visão crítica do discurso. Considerando as lutas sócias que se materializam em práticas discursivas.

Análise de orientação francesa


Surge no final dos anos 60 com Michel Pêcheux, como produto de um projeto político. Construído por meio das influências da linguagem althusseriana, segundo pressupostos marxistas, que derivam dos escritos de Althusser em Aparelhos ideológicos do Estado.
Porém Pêcheux compreende a língua como um mirante da ideologia, mesmo filiando-se ao materialismo althusseriano. Sendo desta forma não trabalha com a língua, mas com o discurso, mais especificamente com o discurso político. Karl Marx analisa a ideologia como falsa consciência, marcada pela relação de capital e trabalho, um ideal que é só aparência. Já na Análise do discurso, existe outra visão, em que a ideologia é social se materializando em linguagem, no texto. Sendo desta forma o lugar em que o sujeito se constitui.
Outro teórico do discurso, Dominique Maingueneau, levanta três hipóteses para o surgimento da A.D: o primeiro compreende-se pela obsceção dos franceses em compreensão da significação; o segundo pela leitura do discurso político, e o terceiro como projeto político - cientifico de conscientizar as massas de sua submissão aos discursos políticos. Este último e a aposto do autor.



Certidão de Nascimento.

A hipótese de trabalho da Análise do Discurso consiste em pensar a linguagem de maneira cientifica. Nesta definição temos a certidão de nascimento da Análise do Discurso.

Revista Languages número 13 Jean Dubois 1969:
Livro Análise Automática do discurso de Michel Pêcheux 1969;


Neste contexto temos o sujeito, a ideologia na materialidade especificada na língua. Sendo de preocupações que não vão para o léxico, e sim para a informática, maquinaria discursiva, constituindo uma semântica de cunho marxista e que não hesita em reclamar alguns conceitos da psicanálise lacaniana.

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